sexta-feira, 6 de novembro de 2009

aos dias doirados.

São quase seis horas da manhã, e eu me levanto vagarosamente. Abro a janela e nem raiou o dia, é sempre assim; ponho água no fogo para preparar o café e depois de adoçá-lo vou até a varanda ver o sol nascer. Dessa vez não.

Acordei e ainda estava escuro, fiz a mesma rotina, mas o sol não nascia, quando eu vi já não era mais dia. Há quem não me entenderá, por que não sou o tipo de pessoa que perde a hora, pelo contrário, sou pontual. e estranho o telefone não tocar, ninguém me chamar, não me procurarem, de sábado para domingo, não fui em festa ou coisa assim, não sou da noite sou do dia. estranho acontecimento que aconteceu, abri a porta para pegar o jornal e a notícia da capa dizia: "Adeus sol", eu não entendi e liguei para o mesmo telefone que sempre ligo e afirmaram: "Adeus Sol", meu ritual de acordar no escuro para ver ele nascer não aconteceria mais, e meu desespero foi tamanho, que eu me perdi e não sabia por onde começar aquele novo começo ou fim, o que eu iria fazer sem ele o meu companheiro diariamente matinal, já que é ele quem alegra os meus dias, pois quando ele surge eu fico eufórica, por que ele me traz energia, escuto o barulho dos pássaros também na mesma euforia, as andorinhas não voavam mais. Foi daí que comecei a ouvir uma música do Tom Jobim, não era "águas de Março" nem mesmo "anos dourados", era "fotografia", era meu rádio relógio me despertando, pois quando olhei eram cinco da manhã e tudo foi apenas um sonho, e na mesma rotina vi o sol que foi surgindo na minha frente vagarosamente, assim como eu, vagarosa ao acordar.

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Lindo demais. Totalmente Julio Cortázar, esse descrição limpa focada em pensamentos, com um toque final q se revela no desfecho; sonhos. Genial, cara...