quinta-feira, 3 de setembro de 2009

doce (encontro) bom.

Sentada, ela observa a mesa ao lado.
Ele senta com a bandeja na mão, um homem gordo.
Ela, uma mulher magra.
Fingindo estar lendo (ela), mas não concentrava-se em seu livro.
Passou a observar também e tentar ler (ele), a mente dela.
Opostos.
Ele sorriu olhando para os olhos dela.
Ela desviou o olhar, ao olhar pra (ele) e perceber que (ele) estava vibrado nela.
Ele ficou envergonhado, por que se sentiu rejeitado, abaixou a cabeça.
Ela se sentiu amada, por que se ficou desejada, levantou a cabeça.
Ele achou que havia ocorrido um encontro.
Ela não o aceitou, e preferiu o desencontro.
Ele levantou se.
Ela se virou.
Ele comeu mais um doce.
E ela..ah! ela morreu de vontade, e não provou (dele).

Um comentário:

João disse...

Essas pequenas pérolas poéticas sempre foram a forma que mais admirei na expressão artística, que modéstia a parte, pratico. Mas nunca tive esse delicadeza e insenção para descrever o fato...acho que sempre acabo sendo ácido e pendendo pra um lado, tomando partido...você analisou a situação com isenção, mesmo julgando os sentimentos dos dois, mas foi justa, deu um veredicto embasada numa grande verdade, que muitos passam vontade e não sucumbem ao desejo por se julgarem maiores e melhores que o outro. E viva Nelson Rodrigues, uma baita poeta sacana e verdadeiro...!