terça-feira, 16 de junho de 2009

Ela E O Centro

Andando pelas ruas do centro, olhando para todos os lados, admirada com aquelas construções antigas, agitada pela multidão de pessoas; estranhava como aquele lugar conseguia reunir tanta gente miscigenada. E mais do que isso: Como era possível tantas pessoas tão diferentes entre si, viverem sem se quer saber e conhecer a vida de umas às outras...?
Ela sabia que era impossível, mas o prazer em observar as outras pessoas era tão grande, que tentava imaginar o que de semelhante cada pessoa em que observava tinha a ver com ela.
Talvez muitas coisas, talvez não...
O mundo é feito por pessoas de culturas diferentes, algumas parecidas mas nada é igual, em tudo tem a sua particularidade. O diferente, é que cada um tem a sua maneira de se mostrar ao mundo em que vive. Viver não é tarefa fácil para uns, e nem difícil para outros...
Ela simplesmente tinha um amor muito forte pela vida, pensava muito na morte e tinha muito medo de como isso pudesse acontecer. Mas o certo é que sabia que uma hora isso de fato iria aconteceria. E se foi, andando pelo centro de São Paulo onde pensou, quantas pessoas que já haviam morrido passaram por ali sem ela se quer conhecer, e como o centro mudou desde a época em que o presidente Getúlio Vargas entrou no poder. Assim como as pessoas cada vez mais saíam do campo e vinham para a cidade, a procura de trabalho e uma nova qualidade de vida.... construíam grandes estatais, novas leis para os trabalhoderes, milagre econômico?
O que ela mais via, era trabalhadores. Que saíam do trabalho e íam direto para suas casas? E onde moram todas essas pessoas?...
Avistou um homem bêbado, tentando roubar uma fralda para o seu filho e foi impedido pelo o segurança da farmácia, que provavelmente (foi o que ela pensou) deve ter gastado o dinheiro na bebida, ou estaria sem a menor noção e queria simplesmente roubar, por ter prazer em fazer aquilo, ignorância da parte dela?. Uma forma para se alienar da miséria em que vive por isso que ele bebe. E quis ajudar, mas não ajudou, por sentir medo de que aquele problema e todo aquela confusão caíssem sobre suas costas (covardia?)...mas aquele homem não tinha dinheiro e isso era fato! chorava por não conseguir aquele objeto que seria tão útil para o seu filho...que dessa fez vai ficar sem fraldas.
Assim ela se lembrou, que também já ficou sem fraldas, por falta de dinheiro da família.
Concluíu que quanto mais dinheiro temos, mais distantes e alienados da miséria do país em que vivemos estamos, ficamos cegos.
No final dessa vida seja você quem for, acabamos todos por esperar...Seja a vinda dela de uma maneira dolorosa, forte, ou até mesmo calma, ela virá, para todos nós. O que ela tinha de mais medo se tornou um entendimento e compreendeu que mesmo com todos os acontecimentos desse mundo, e do mundo dela, era preciso viver e aprender, mesmo com as coisas más, ruins, tristes, miseráveis que acontecem na vida de cada um; devemos viver aquilo como uma coisa única/psrticular, por que não sabemos o que o dia seguinte guarda para nós.
Mas quem sabe aquele homem que tentou roubar a fralda e ninguém o ajudou, possa ajudar ainda muitas outras pessoas, seja com fraldas ou não...
O destino de cada um estar por vir a cada segundo de tempo.
No centro a cada sengundo passam milhares de pessoas, que vivem em tempos diferentes.
Mas ela preferiu parar por um tempo, ouvir o barulho, e sentir a uma sensação que só ela sente, quando vai ao centro.

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