terça-feira, 21 de setembro de 2010

copo vazio.

No centro da roda há uma coluna, uma única coluna vertebral, essa coluna é minha e sua, essa coluna é nossa. é tão profundo que a concentração é extensa, toda aquela roda passa a ser única, uma coisa só. Deixei a minha coluna e no lugar dela entrou uma nova coluna, que através da forma da minha se tornou a sua, é bonito de se ver, eu nunca vou poder ver a minha própria coluna, mas eu posso ver que uma outra coluna pode "ser" a minha coluna, concentração. olho no olho, respira, sente a sua coluna. entregue a ao outro, divida o espaço. "é sempre bom lembrar que um copo vazio, está cheio de ar", abraça, amaça, sente o cheiro, o peso, o medo, entrega-se, a coluna sustenta a bacia, a bacia é livre, caminha, caminha... pé no chão (dedão, dedinho, calcanhar), topo da cabeça, o eixo, pega no pé, alongue, sinta a dor e assuma ela, leveza, beleza, se queixa, se mexa...se doe? abra espaço, o seu corpo pede, seu corpo nada mais é do que você é. olha que emoção, quando você percebe que seu corpo sente, e se ele tá sentindo dor, é por que ele precisa de espaço, exercite isso e dê espaço à ele, respeite-o.

uma palavra: Dignidade.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Infância.

Corre, corre, corre,
até que a boca fica seca, e a sensação de cansaço é satisfatória.
"você corre muito rápido, eu não consigo te pegar..."
desisti, mas não sei por qual o motivo tomei aquela decisão,
então ele ainda correndo pela rua de paralelepipedo vai diminuindo a velocidade, e olhando
para trás, era de costume ele fazer isso, correr e olhar pra trás, isso me dava uma baita aflição mas esse costume era dele, era de correr atrás da pipa e ficar olhando para ver onde ela iria cair.
Algumas vezes tentei acompanhar, mas eu sempre ouvia um:
"Cuidado vocês dois!"
Correr era a sensação mais gostosa, eu me sentia um animal, feroz por dentro e totalmente livre, ficava mole quando parava, ele vinha me fazer cócegas até meus pulmões ficarem sem ar.
Íamos caminhando até a casa da Bela, sobíamos as escadas com a ajuda do corrimão, como dois bichos preguiças, sentíamos o cheiro do café que estava sendo passado, do bolo que já havia saído do forno por alguns instantes, corríamos até a cozinha, passavamos pela sala e lá estava o meu avô ouvindo o radinho de pilha bem perto do ouvido, concentrado em um universo só dele; chegávamos na cozinha famintos, lá estava a Bela de costas, nos esperando e terminando de lavar a louça...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

No meu coração eu fiz um lar.